Dar um passo atrás na carreira pode me prejudicar?

junho 22, 2017 9:35 am - Publicado por Deixe um comentário

Via Valor Econômico

Nunca pode ser considerado errado aceitar uma oferta de trabalho com remuneração inferior ao que se ganhava quando se está desempregado. Fica mais fácil, depois, encontrar uma nova oportunidade e trocar de emprego. Até porque estar trabalhando permite recuperar a autoestima perdida na demissão. Além disso, receber salário, mesmo que inferior ao que se recebia antes, permite certo equilíbrio financeiro e alguma tranquilidade.

O que se fazia antes da demissão virou história.  Agora é hora de aproveitar todas as ocasiões que se apresentam. Cabe a você criar suas oportunidades. Para encontrar novos desafios, você precisa se manter informado e visível. Sites especialistas, redes de relacionamento e comunidades específicas passaram a ser um fator importante na busca de profissionais e consequentemente de empregos.

No entanto, ter perfil e estar ativo nas redes sociais não é suficiente. Com desemprego elevado, a rede de contato perde efeito. A nova “lei” de mercado passa a ser “ou eu ou você”. Networking se transformou em meio de acesso e não em critério de busca. Melhor usar o tempo disponível participando de eventos, congressos, palestras e cursos, em busca de informações e atualização.

Busque em profundidade, pesquise as tendências sociais, culturais, administrativas e mercadológicas, as “megatendências”. Planeje sua carreira e monte um plano de ação. Para planejar a carreira pode-se usar os mesmos conceitos e ferramentas de planejamento estratégico. Defina suas forças, suas fragilidades, oportunidades e riscos. Lembre-se que produto é a solução do problema de alguém, o cliente.

Pessoas e profissionais são como produtos, e isto significa que você é, ou tem, a solução para o problema de alguém, que é o seu cliente — ou seja, aquele que vai lhe contratar. Portanto defina para quais problemas você tem a solução. E então, defina quem tem esses problemas. Depois, estabeleça o valor mínimo que você precisa receber para a sua sobrevivência, no estilo de vida que você definiu, ou seja, qual o preço da sua solução, a remuneração mínima pelo seu trabalho.

O resto virá em outras moedas, que não precisam ser o dinheiro, mas pode ser reconhecimento, poder, status, qualidade de vida, família. No entanto, quem define o preço que quer pagar é o cliente e, caso o mercado não esteja disposto a pagar o seu mínimo, altere seu padrão, ou agregue mais valor ao seu produto, reveja, avalie, planeje de novo.

A maioria das pessoas, na carreira, só pensa em ser “chefe”. No entanto, não é só esse o caminho para os altos postos. Um cargo em planejamento estratégico, um projeto de reestruturação importante, um trabalho em consultoria, podem, também, ser altamente enriquecedores para a bagagem ao topo. Também é importante vivenciar ocasiões de negociações e de tomada de decisões importantes, estratégias para o futuro da empresa.

Um tempo em um cargo de planejamento estratégico entre dois cargos de gestão operacional pode permitir uma visão geral, do alto, complementando aquela do dia a dia. Os percursos não tradicionais podem ser, muitas vezes, interessantes. Em todos os casos, é bom lembrar que bons resultados não serão suficientes para subir de escalão. É necessário saber antecipar, saber se colocar à frente, influenciar, convencer e gerenciar equipes e pessoas.

A boa gestão de pessoas continua a ser competência obrigatória de quem quer subir. E isso pode ser aprendida. Qualquer que seja sua idade, qualquer que seja seu momento profissional, uma pessoa não pode parar. O mercado exige cada vez mais competência e experiência. As empresas, e as pessoas, são obrigadas a se reinventarem a cada dois ou três anos.

Planeje, pois quem não planeja é sempre surpreendido. O importante é você mesmo escrever seu próprio horóscopo. Defina seu futuro. Jamais deixe que alguém que não lhe conhece determine o que vai acontecer com você.

Gilberto Guimarães é diretor da GG Consulting e professor.

Tag: , , , , , ,

Categorizados em: